domingo, 13 de novembro de 2011


Está um tremendo alvoroço aqui. E rir, e chorar, e gargalhar, e ter crises, e cuspir fogo, e querer tanto. São sensações que não respeitam a minha falta de tempo entre o serviço, a academia, os cursos e o banho. Não consigo almoçar direito porque o resto do meu corpo não entende esta necessidade. Meu estômago está cheio de dúvidas e ansiedade que não sobra espaço pra comida.
Conviver demais comigo não tem me acrescentado em nada. Eu e todas as coisas aqui dentro não falamos a mesma língua. Não entramos num consenso nem fazemos as mesmas escolhas. É como carregar vários filhos no ventre, mas eles não entenderem que são dependentes de você, e só você vai saber o que é melhor pra eles. Eu me dividi me multipliquei, e sei que isso é um absurdo.
Mas hoje, pelo menos hoje eu queria que as coisas se desenrolassem. E que pudessem ser simples, com um chão onde a gente pisa com força e sente aquele tranco e a certeza que seu pé não vai atravessá-lo. Hoje eu queria um instante, ainda que breve, de saber que atrás da porta não tem um susto, que atrás das palavras dos outros não tem outras palavras que querem comer o meu pulmão, ofender a minha garganta. Não quero entrelinhas, entregritos, entrechoros, entresuicídios.
E não faço a menor idéia de como conseguir isto, mas a mulher da padaria que não sabe nem meu sobrenome, nem qual a cor da minha cortina, me disse pra não lutar contra o óbvio. E a voz dela era como se o mundo inteiro quisesse me fazer engolir um salva-vidas. Eu sempre peço coisas para Deus, e acho que falo tanto sem não ter nem o que falar que ele não responde por que eu não deixo, e como todas as outras pessoas eu reclamo de abandono. Mas, de uma forma ou de outra, acho que hoje foi Ele quem falou comigo.

Camila Heloise.



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